Petrobras reserva mais de R$ 250 milhões para a retomada da UFN3

A declaração foi dada em entrevista ao site Estúdio Eixos, durante o Congresso ROG.e, que ocorreu entre os dias 23 e 26 deste mês, no Rio de Janeiro, que debate sobre o segmento de energia

| CORREIO DO ESTADO / CLODOALDO SILVA, DE BRASíLIA


Petrobras reserva mais de R$ 250 milhões para a retomada da UFN3 - Foto: Saul Schramm/governo de ms

A Petrobras pretende investir R$ 252,3 milhões no ano que vem para retomar as obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), localizada em Três Lagoas. O valor representa 6,82% dos R$ 3,7 bilhões estimados pela estatal para colocar a unidade em pleno funcionamento, conforme dados apresentados pelo governo federal na Lei Orçamentária Anual (LOA) 2025 – que fixa os investimentos – apresentada ao Congresso.

O uso desse recurso é reforçado pela declaração do diretor-executivo de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, William França, sobre a previsão de que a diretoria da Petrobras, no primeiro trimestre de 2025, leve ao conselho de administração da estatal a proposta de retomada das obras da UFN3. 

A declaração foi dada em entrevista ao site Estúdio Eixos, durante o Congresso ROG.e, que ocorreu entre os dias 23 e 26 deste mês, no Rio de Janeiro, que debate sobre o segmento de energia.

“Estamos fechando estudos para que a gente possa voltar ao mercado e concluir, terminar, a complementação mecânica da UFN3, em Três Lagoas”, destacou o executivo.

“Contratamos uma empresa, não só em Três Lagoas como na Ansa [Araucária Nitrogenados S.A., unidade de fertilizantes localizada em Araucária, no Paraná] também, para a gente desibernar. Nós montamos uma equipe nossa, do refino, como fizemos também, como a engenharia fez na UFN3. Executou, onde nós perscrutamos, chamamos de due diligence, uma análise completa de inspeção das bombas, dos compressores, dos reatores de processo, as condições de integridade, para que a gente possa ter uma visão detalhada, aprofundada do que falta fazer, de quanto vai custar, de qual Capex [valor do investimento] é necessário para que a gente possa, fechando a viabilidade econômica, voltar a operar, no caso da Ansa. E no caso da UFN3, terminar o projeto”, explicou.

O diretor-executivo não descartou a possibilidade da UFN3 ter um parceiro: “Estamos conversando sobre parceiro”. Em seguida, afirmou que ainda não tem o diagnóstico. 

“No caso da UFN3, estamos finalmente terminando esse processo de valuation [avaliações] para que a gente possa então recalcular o estudo de EVTE [viabilidade técnica e econômica] do projeto”, completou.  Depois, os dados serão encaminhados para análise do conselho sobre a retomada do projeto de conclusão, para “a complementação mecânica do projeto”. Segundo ele, a previsão é de que seja encaminhado ao conselho “até o primeiro trimestre do ano que vem”. 

 A previsão era de que o estudo de viabilidade técnica e econômica e o processo de licitação poderiam ser iniciados ainda neste ano para a unidade entrar em operação em 2028. 

No entanto, só com a aprovação do projeto de término da obra aprovado pelo conselho da Petrobras é que se torna possível o uso em 2025 dos R$ 252,3 milhões previstos na LOA. 

De acordo com a LOA, o órgão responsável pelos investimentos é o Ministério de Minas e Energia, por meio da Petrobras. O documento especifica que os R$ 252,35 milhões serão utilizados na “implantação de Unidade de Produção de Fertilizantes Nitrogenados, com capacidade produtiva de 1.223 mil toneladas ao ano de ureia e 70 mil toneladas por ano de amônia – no Estado de Mato Grosso do Sul”, com um custo total estimado em R$ 3,699 bilhões”.

Porém, o texto ainda depende de aprovação do Congresso Nacional, o que deve ocorrer até o fim deste ano. Embora haja somente agora esse recurso para investimento no orçamento da Petrobras, desde o ano passado está aprovado pelo Conselho de Administração da estatal um plano estratégico de investimentos de US$ 102 bilhões até 2028, incluindo a retomada das obras da UFN3. À época, a companhia anunciou que voltaria a produzir fertilizantes. 

A obra da Petrobras começou em 2011 e foi paralisada em dezembro de 2014, com 81% dos trabalhos concluídos. Na época, o valor orçado era de R$ 3,9 bilhões. Agora, o governo federal estima que serão necessários R$ 5 bilhões para produzir 3.600 toneladas de ureia e 2.200 toneladas de amônia por dia, impulsionando o uso do gás natural que vem da Bolívia ao consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos.

A construção da UFN3 teve início em 2011, mas as obras foram interrompidas em 2014, por conta do envolvimento de integrantes do consórcio em casos de corrupção. Naquele ponto, a construção estava com cerca de 80% das obras concluídas. 

O processo para vender a UFN3 começou em 2018, que incluiu também a Araucária Nitrogenados (Ansa), localizada em Curitiba (PR). A venda conjunta tornou a concretização do negócio inviável.

Em 2019, a gigante russa de fertilizantes Acron chegou a um acordo para adquirir a unidade, mas a crise na Bolívia impediu a finalização do negócio.  No ano seguinte, em fevereiro de 2020, a Petrobras lançou uma nova oportunidade de venda. No entanto, as negociações foram retomadas somente no início de 2022, com o mesmo grupo russo.

Já em 28 de abril de 2022, a Petrobras anunciou que a venda da fábrica para o grupo Acron não havia sido concluída. Ainda em 2022, a Petrobras relançou a oferta de venda da fábrica ao mercado. 

Finalmente, em 24 de janeiro de 2023, a estatal declarou o encerramento do processo de comercialização da unidade, gerando expectativas para o reinício das obras. Assine o Correio do Estado  

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