Estado tem o sexto maior parque industrial de processamento de soja

Ainda de acordo com a associação nacional que representa o segmento, em 2023, o volume processado foi de 17.292 toneladas diárias, superando as 14.298 toneladas de 2022

| CORREIO DO ESTADO / EVELYN THAMARIS


A região Centro-Oeste concentra 44% do processamento total de oleaginosas do Brasil - Foto: Gerson Oliveira

Mato Grosso do Sul se consolida como o sexto maior parque industrial de processamento de soja no Brasil, com capacidade de processar 18.080 toneladas diárias. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o Estado já responde por aproximadamente 8% de toda a capacidade de processamento de oleaginosas do País.

Ainda de acordo com a associação nacional que representa o segmento, em 2023, o volume processado foi de 17.292 toneladas diárias, superando as 14.298 toneladas de 2022. Com um investimento previsto de R$ 5,76 bilhões para o setor em 2024, MS é um dos estados que devem ser impulsionados.

Com quase 44% do processamento total de oleaginosas do País concentrado no Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul torna-se um estado importante na produção e na comercialização de farelo de soja, óleo e biodiesel. O economista-chefe da Abiove, Daniel Amaral destaca ao Correio do Estado que a perspectiva é de crescimento da indústria com o aumento da mistura de biodiesel para 15% já em março do ano que vem. 

“O Estado deve permanecer entre os líderes do segmento e, consequentemente, receber parte desses investimentos para expansão de sua capacidade”, avalia o economista. O economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems), Ezequiel Resende, analisa o panorama industrial, destacando que as perspectivas para MS se mostram muito promissoras para os próximos anos, com a ampliação da produção e o processamento de importantes cadeias agroindustriais.

“Exemplo dessa condição pode ser observado na industrialização crescente da produção de soja e de milho no Estado. A produção dessas culturas tem se expandido de forma expressiva e bastante consistente”, detalha Resende.

O economista-chefe da Fiems exemplifica o potencial do setor trazendo a comparação da produção somada dos dois produtos (milho e soja), que apresentou um aumento em torno de 50% nos últimos cinco anos.

“Na última safra, a produção combinada entre soja e milho resultou em mais de 27 milhões de toneladas, o que, em valor, superou R$ 42 bilhões. E toda essa expansão tem contribuído diretamente para o crescimento das agroindústrias ligadas à produção de óleo, farelo, ração animal e biocombustíveis”, afirma Amaral.

Com o cenário industrial em expansão, Mato Grosso do Sul, que conta com nove empresas atuando no processamento da soja, já registra investimentos no segmento neste ano. Foi iniciada em março a construção da nova esmagadora da Copasul, localizado em Naviraí, que terá uma aplicação total de R$ 1,4 bilhão, sendo R$ 1 bilhão voltado exclusivamente para a indústria e outros  R$ 400 milhões destinados à ampliação da capacidade de armazenagem de grãos nos silos da Copasul, assegurando o atendimento à demanda da fábrica. 

Com a chegada do novo empreendimento e com a nova esmagadora de soja, a expectativa é de que a capacidade de processamento de soja pelo Estado deve ter um incremento de 20%.

A estimativa para a conclusão da obra é de dois anos, e a indústria tem a inauguração planejada para 2026. Conforme a empresa, a unidade de processamento de soja da Copasul tem capacidade para gerar 150 empregos diretos e beneficiar cerca de 1 milhão de toneladas do grão por ano.

A fábrica deve adicionar ainda R$ 3 bilhões à receita anual da cooperativa quando estiver em operação, sendo parte essencial para alcançar a meta de faturamento na casa dos R$ 10 bilhões/ano até 2026.

O especialista em mercado exterior Aldo Barrigosse exalta a capacidade dos produtos que passam pela indústria de transformação, destacando que a soja é plantada, colhida e transformada, em óleo de soja e em farelo, no Estado. 

“A gente vê essas transformações em vários segmentos, por meio das indústrias, que acabam por fomentar toda a cadeia econômica. É nítido quando se observa segmentos como esses, que representam 50% de tudo que nós exportamos para o mercado internacional. A indústria, aqui, tem a vocação de produzir e de vender, não só para o Brasil como para o mundo”, afirma Barrigosse.

O economista-chefe da Fiems corrobora, pontuando que, nos últimos anos, MS vem observando a realização de investimentos bilionários no aumento da capacidade de produção, principalmente por parte das cooperativas, como a Copasul.

“Essa expansão favorece também diretamente outras importantes cadeias agroindustriais aqui de Mato Grosso do Sul, especialmente na produção de carne de suínos e aves, que nos últimos anos acumulam crescimentos expressivos, resultando também em novos investimentos para ampliação da capacidade produtiva”, conclui Ezequiel Resende.

As empresas da cadeia de soja vão investir R$5,76 bilhões na expansão e na construção de novas plantas industriais nos próximos 12 meses, de acordo com levantamento da Abiove. O montante é 4% inferior aos R$ 6 bilhões que as empresas desembolsaram nos últimos 12 meses, mas, ainda assim, é expressivo: para efeito de comparação, no intervalo entre 2020 e 2022, os investimentos foram bem menores, somando R$ 2,5 bilhões no triênio.

Nos últimos 12 meses, a capacidade instalada das indústrias cresceu 4,5%, ou 3,1 milhões de toneladas, passando para 72,3 milhões de toneladas por ano. A capacidade ociosa é de 24,6%, e o total de plantas ativas subiu de 106 para 113 unidades. De acordo com a Abiove, fazem parte da lista de investimentos previstos para os próximos 12 meses a construção de cinco novas esmagadoras de soja e a ampliação de outras cinco plantas industriais. Com isso, haverá um acréscimo de capacidade de 19,35 mil toneladas por dia, para 238,41 mil toneladas diárias.

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